Pontífice destacou uso frequente do termo e ressaltou limites diplomáticos e técnicos para tal definição
O papa Leão XIV declarou que, neste momento, a Santa Sé não pode definir se Israel está cometendo genocídio na Faixa de Gaza. A afirmação foi feita em julho, em entrevista à jornalista americana Elise Ann Allen, e publicada no último dia 18 no livro “Leão XIV: cidadão do mundo, missionário do século XXI”, lançado no Peru.
“O termo genocídio está sendo usado cada vez mais”, disse o pontífice. “Oficialmente, a Santa Sé não acredita que possamos nos pronunciar sobre isso neste momento. Há uma definição muito técnica do que seria um genocídio, embora cada vez mais pessoas levantem essa questão.”
A fala ocorre em meio a denúncias de investigadores independentes ligados à ONU, que acusam Israel de crimes com intenção de “destruir os palestinos”. O governo de Benjamin Netanyahu rejeita a acusação.
Durante a entrevista, o papa ressaltou a dificuldade da comunidade internacional em exercer pressão efetiva sobre Israel, apontando inclusive limitações dos Estados Unidos. “Apesar de algumas declarações muito claras do governo dos Estados Unidos, e recentemente do presidente Trump, não houve uma resposta clara para encontrar formas eficazes de aliviar o sofrimento do povo inocente de Gaza. Isso é motivo de grande preocupação”, afirmou.
Leão XIV também expressou indignação diante das consequências da guerra. “É horrível ver as imagens que vemos na televisão. Precisamos continuar pressionando, tentando alcançar uma mudança lá”, disse, destacando que a tragédia humanitária não pode ser ignorada.
O pontífice já havia manifestado solidariedade ao povo palestino em pronunciamentos anteriores, defendendo a criação de dois Estados como solução para o conflito e pedindo cessar-fogo imediato.
A guerra em Gaza começou em 7 de outubro de 2023, após ataque do Hamas que deixou 1.219 mortos em Israel, a maioria civis. Desde então, a ofensiva israelense já provocou mais de 65 mil mortes na Faixa de Gaza, segundo o Ministério da Saúde local, números considerados confiáveis pela ONU.