Caçadores de onças presos em Goiás agiam sob comando de fazendeiros, diz polícia

Dupla suspeita de matar felinos por valores que chegavam a R$ 5 mil foi liberada após pagamento de fiança

Dois dos maiores caçadores de onça-pintada do país foram presos nesta semana durante uma operação do Batalhão de Polícia Militar de Operações Ambientais (BPMOA), em São Miguel do Araguaia, norte de Goiás. Segundo as investigações, eles agiam a mando de fazendeiros da região e de outros estados, como Mato Grosso, para eliminar felinos que se aproximavam de áreas de pasto.

Os suspeitos — Orlando Tavares de Oliveira Júnior, de 37 anos, e Adair Adão Camargo, de 60 — foram detidos na terça-feira (4), após quatro meses de monitoramento da corporação. A dupla foi localizada em uma fazenda, onde a polícia encontrou armas de fogo e uma presa de onça usada como troféu.

O tenente Daniel Rodrigues, do BPMOA, afirmou que os homens cobravam entre R$ 2 mil e R$ 5 mil por animal abatido. “Os caçadores eram chamados pelos fazendeiros sempre que uma onça aparecia perto do gado. Agora, estamos apurando quem são esses contratantes”, explicou.

Apesar da gravidade dos crimes, os dois foram liberados. Um deles pagou fiança após ser flagrado com uma arma irregular, enquanto o outro responderá ao processo em liberdade. A dupla recebeu multa administrativa de R$ 15 mil por animal morto e foi autuada por crime ambiental.

Imagens apreendidas pela polícia mostram a brutalidade das ações: onças atingidas por tiros e cães usados para cercar os animais feridos. Duas armas registradas como de colecionadores (CACs) e uma irregular foram apreendidas.

A onça-pintada, espécie símbolo do Cerrado e da Amazônia, está ameaçada de extinção e exerce papel crucial no equilíbrio ecológico como predadora de topo. A região de São Miguel do Araguaia é considerada um dos principais habitats do animal em Goiás, mas também uma das áreas mais visadas por caçadores ilegais.

A investigação agora busca identificar os fazendeiros que teriam encomendado as caçadas. Caso sejam confirmados os vínculos, os produtores também poderão responder por crime ambiental e sofrer sanções administrativas.

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