Maioria vê prisão de Bolsonaro como legítima, mas parcela defende detenção domiciliar

Pesquisa Datafolha revela divisão sobre o local de cumprimento da pena e mostra que 40% consideram a decisão do STF injusta

A nova pesquisa Datafolha mostra que a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro é apoiada pela maior parte dos brasileiros: 54% avaliam que a decisão do Supremo Tribunal Federal foi justa, enquanto 40% discordam. O levantamento também identificou que 34% dos entrevistados preferem que ele cumpra a pena em casa, opção defendida por aliados e pela própria defesa do ex-presidente.

Bolsonaro está detido desde 25 de novembro, quando o STF determinou o início da execução da pena de 27 anos e 3 meses somada às condenações relacionadas à tentativa de invalidar o resultado das eleições de 2022. A ordem de prisão foi acelerada após o ministro Alexandre de Moraes considerar que Bolsonaro tentou romper sua tornozeleira eletrônica usando um ferro de solda, fato que agravou o entendimento de risco de fuga.

Antes disso, o ex-presidente já havia descumprido medidas cautelares e cumpria prisão domiciliar desde agosto. Em setembro, foi condenado ao lado de aliados apontados como parte do núcleo central da tentativa de golpe.

A pesquisa ouviu 2.002 pessoas em 113 cidades brasileiras entre os dias 2 e 4 de dezembro, com margem de erro de dois pontos percentuais. Segundo o instituto, 6% não souberam avaliar se a prisão foi justa, enquanto 36% afirmaram estar bem informados sobre o caso. Outros 37% dizem ter conhecimento parcial, 11% se consideram mal informados, e 16% nem sequer sabiam da condenação.

Entre os que rejeitam a detenção domiciliar, as opiniões se dividem: 26% defendem que Bolsonaro seja levado a um presídio comum, 20% preferem uma unidade militar e 13% apontam uma sede da Polícia Federal como local ideal. No momento, ele cumpre pena na Superintendência da PF em Brasília, onde permanece em uma sala simples com banheiro privativo. Moraes justificou a permanência no local alegando garantia de atendimento médico contínuo e maior controle após episódios que sugeriram tentativa de fuga.

O temor da defesa de Bolsonaro era sua transferência para o complexo da Papuda, onde já cumpriram pena figuras próximas ao ex-presidente, como o ex-ministro Anderson Torres. Outros ex-altos oficiais condenados, como Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Almir Garnier, foram enviados para unidades militares. O delator Mauro Cid cumpre pena em regime aberto.

A prisão dos militares e de ex-integrantes do governo tem repercutido também dentro das Forças Armadas. Para 57% dos entrevistados, as condenações dos generais foram justas, enquanto 30% discordam. Sobre a imagem do Exército, 26% afirmam que o episódio piorou sua percepção, 12% dizem que melhorou, e a maior parte, 57%, relata que sua visão permanece a mesma.

Bolsonaro poderá pedir progressão ao regime semiaberto somente em 2033, segundo estimativas. Ele já estava inelegível até 2030 pela condenação na Justiça Eleitoral e, com as novas punições, deve permanecer fora das urnas até 2060.

A pesquisa também confirmou a polarização política: entre evangélicos, moradores do Norte e Centro-Oeste e apoiadores do PL, a prisão é majoritariamente vista como injusta. Já no Nordeste e entre eleitores de Lula, o apoio à decisão do STF é majoritário.

Apesar das variações entre grupos específicos, o Datafolha aponta que, nos principais recortes socioeconômicos, há relativa uniformidade nas avaliações. O leve aumento do apoio entre jovens, pessoas com ensino fundamental e indivíduos de menor renda não é suficiente para alterar o quadro geral, segundo o instituto.

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