Anderson Torres afirma que minuta golpista chegou à sua casa por “acidente”

Ex-ministro nega participação em suposto plano de ruptura e diz que documento jamais foi discutido com Bolsonaro

Durante depoimento prestado nesta terça-feira (10) ao Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-ministro da Justiça Anderson Torres alegou que a minuta de decreto que previa medidas para anular o resultado das eleições de 2022 acabou em sua residência “por uma fatalidade”. Ele negou qualquer envolvimento no conteúdo do texto ou tratativas com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre o assunto.

Segundo Torres, o documento chegou ao Ministério da Justiça por meio de sua equipe, mas teria sido ignorado e esquecido. “Isso foi parar na minha casa, mas eu nunca tratei desse tema, nunca mencionei esse assunto, isso foi uma infeliz coincidência, pois era algo que deveria ter sido destruído há muito tempo”, declarou.

Documento previa intervenção no TSE e reversão do resultado eleitoral

De acordo com investigações da Polícia Federal, o material encontrado pela corporação em janeiro de 2023 propunha a decretação de estado de defesa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a invalidação do resultado das urnas, que deram vitória a Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Torres, no entanto, desqualificou o conteúdo da minuta, chamando-a de “mal redigida” e ironizou: “Não é a minuta do golpe, é a minuta do Google, porque está lá até hoje”.

Ex-ministro se distancia da autoria e reforça desconhecimento

Apontado como um dos integrantes do chamado “núcleo central” da alegada tentativa de golpe, Torres insistiu, diante do relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, que não sabe quem elaborou o documento e que nunca conversou com ninguém sobre ele. “Não saiu de mim, não sei quem escreveu, não sei quem mandou”, reforçou.

Depoimentos presenciais no STF envolvem militares e Bolsonaro

A oitiva foi realizada presencialmente na sala da Primeira Turma do STF, adaptada para receber os réus. Além de Torres, prestam depoimento nesta fase do processo os ex-ministros Augusto Heleno, Braga Netto, Paulo Sérgio Nogueira, o ex-comandante da Marinha Almir Garnier e o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Torres disse ainda que, após o resultado das eleições, começou a receber uma série de sugestões e documentos diversos, mas que a chamada minuta do golpe nunca foi levada a sério nem discutida oficialmente. Segundo ele, o fato de o material ter sido encontrado em sua casa foi um descuido: “Era um papel que deveria ter sido descartado”, concluiu.

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