O Hospital de Câncer Araújo Jorge, referência no tratamento oncológico em Goiás, suspendeu temporariamente, nesta segunda-feira (14), o atendimento a novos pacientes encaminhados para iniciar tratamento em radioterapia. O motivo: falha técnica em um dos aceleradores lineares — um equipamento essencial no combate ao câncer — que já soma 25 anos de uso.
O que aconteceu?
A falha atingiu um dos três aceleradores usados no hospital, e a Prefeitura de Goiânia fez um repasse emergencial de cerca de R$ 560 mil para compra de peças e manutenção. Os dois aparelhos que seguem funcionando agora operam em regime de 23 horas por dia para dar conta da demanda e evitar atrasos nos tratamentos em andamento.
De acordo com o hospital, a suspensão atinge apenas pacientes novos, encaminhados de outras unidades para iniciar a radioterapia. Consultas, exames, cirurgias e atendimentos em andamento seguem normalmente.
Alternativas em negociação
Enquanto o conserto não é finalizado, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) articula uma parceria com o Hospital das Clínicas da UFG. A ideia é que, em até 30 dias, o HC comece a absorver parte dos atendimentos de radioterapia — uma medida considerada “plano B” pela prefeitura.
Enquanto isso, 21 pacientes aguardam apenas a primeira consulta para iniciar o tratamento. Alguns casos estão sendo transferidos para uma empresa terceirizada e para uma unidade em Anápolis, mas o hospital ainda não divulgou números exatos nem as instituições envolvidas.
Novo aparelho? Fora de cogitação (por enquanto)
O secretário de Saúde de Goiânia, Luiz Gaspar Pellizzer, explicou que adquirir um novo acelerador linear está fora dos planos imediatos. O custo gira em torno de R$ 30 milhões, com R$ 8 milhões exigidos como entrada — valor que, segundo ele, o município não tem disponível no momento. Além disso, o prazo para entrega do equipamento pode ultrapassar um ano.
Crise financeira e atrasos
A situação atual escancara um problema recorrente: as dificuldades financeiras do hospital. Em fevereiro, o Araújo Jorge denunciou que a Prefeitura de Goiânia acumulava uma dívida de mais de R$ 44 milhões, com atrasos de até 39 dias nos repasses. Desse total, R$ 32 milhões são oriundos de recursos federais, R$ 350 mil do governo estadual e R$ 12 milhões da prefeitura.
Em março, o então prefeito Sandro Mabel anunciou que a dívida seria quitada de forma parcelada, mas não revelou detalhes sobre valores ou prazos.
E agora?
Enquanto a normalização dos serviços não ocorre, o Araújo Jorge segue trabalhando para minimizar os impactos da suspensão. A expectativa é de que o reparo no equipamento danificado permita, em breve, a retomada dos atendimentos a novos pacientes — mas, por ora, a fila de espera começa a crescer.