Henieri Saiuri e o marido, Marcos Vinicius, tinham duas lojas na região da 44, mas decidiram trabalhar exclusivamente com a confecção e venda de bonecas
O que começou com uma insatisfação virou um negócio promissor. Henieri Saiuri Nagahiro, de 35 anos, e o marido, Marcos Vinicius Amaral Gonçalves, 34, largaram o comércio de roupas na movimentada região da Rua 44, em Goiânia, para se dedicar exclusivamente à confecção de bonecas reborn — réplicas hiper-realistas de bebês humanos que vêm ganhando espaço entre colecionadores, terapeutas e até crianças.
Desde 2022, o casal se dedica à produção artesanal dos bonecos e, atualmente, chega a faturar até R$ 30 mil por mês com a venda das peças, que podem custar entre R$ 800 e R$ 1.800, dependendo do nível de personalização. Os modelos mais caros possuem cabelos de mohair — uma fibra nobre de origem animal — e olhos de resina, o que aumenta ainda mais o realismo.
A ideia de empreender com os bebês reborn surgiu depois que Henieri comprou dois modelos para as filhas, mas se decepcionou com a qualidade. Foi então que decidiu tentar produzir por conta própria. “Comecei vendendo algumas nas nossas lojas, e quando vimos a demanda crescer, passamos a trabalhar só com isso”, explica.
Hoje, as vendas são feitas exclusivamente pela internet, com apoio das redes sociais. Os perfis no Instagram, que somam mais de 4 mil seguidores, exibem fotos e vídeos das bonecas prontas, além da filha mais velha do casal, de 10 anos, que também participa como garota-propaganda.
Produção artesanal e detalhista
A confecção das bonecas é feita na sala de casa, mas o casal já organiza um espaço exclusivo para o ateliê. Cada unidade leva, em média, uma semana para ser finalizada, mas modelos maiores, que simulam bebês de até 1 ano, podem demorar até 15 dias.
Apesar de a estrutura básica da boneca vir pronta, todo o acabamento — da pintura à implantação dos fios de cabelo — é feito manualmente. O processo inclui várias camadas de tinta e verniz, que precisam ser “curadas” em forno a 130 °C por até 20 vezes, etapa conduzida por Marcos. “A parte do rosto é a mais difícil, porque é o que mais chama atenção. Pintamos veias, têmporas, unhas e até marcas de vacina”, conta.
Os fios de cabelo e sobrancelha são aplicados um a um, com paciência e precisão. O resultado final acompanha enxoval completo: roupas, chupeta, mamadeira, naninha, “documentos” e até um falso ultrassom.
Alvo de curiosidade e polêmicas
Apesar do sucesso comercial, o casal enfrenta desafios diários — principalmente com o público infantil. “Recebemos mensagens o tempo todo, inclusive de madrugada, com ligações de vídeo no Instagram e no WhatsApp”, relata Marcos. Por segurança e para organizar o atendimento, ele exige que um responsável faça o contato final para concluir as compras.
O aumento da visibilidade dos bonecos também trouxe polêmicas. Recentemente, situações envolvendo bebês reborn foram parar na Justiça e até em debates legislativos, como o caso de um projeto que propõe multa para quem tentar usar a boneca para furar fila em serviços públicos.
Para Henieri, no entanto, a maioria dessas histórias é fruto de exageros ou busca por engajamento. “Falam de gente levando boneca para médico, mas eu nunca vi isso acontecer de verdade. É mais coisa da internet”, opina.
Mesmo com as controvérsias, o casal mantém os planos de expansão. A meta é dobrar a produção até o fim do ano e levar os bonecos feitos em Goiás para ainda mais lares no Brasil e no exterior. “Já vendemos até para os Estados Unidos”, comemora a empresária.