Em Goiânia, Lula rebate Trump: “Não é um gringo que vai me dar ordem”

Presidente criticou pressão dos EUA sobre julgamento de Bolsonaro e taxação das big techs durante congresso da UNE

Durante visita a Goiânia nesta quinta-feira (17), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) subiu o tom ao criticar o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por supostas interferências na soberania brasileira. A fala ocorreu durante sua participação no congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE).

“O Brasil tem 201 anos de relações diplomáticas com os EUA, um déficit comercial de 410 bilhões em 15 anos. É por isso que a gente não aceita a ideia de o presidente mandar uma carta dizendo que, se não soltar o Bolsonaro, vai impor taxa de 50%. Não aceitamos que ninguém se meta nos problemas internos do Brasil”, afirmou Lula. “Não é um gringo que vai me dar ordem.”

O petista também rebateu críticas vindas dos EUA sobre a taxação de empresas de tecnologia no Brasil. “Trump disse que não quer que as empresas de plataforma sejam cobradas no Brasil. Mas o mundo tem que saber que esse país só é soberano porque o povo tem orgulho do Brasil. Vamos julgar e cobrar imposto das empresas digitais, sim. Não aceitamos que, em nome da liberdade de expressão, se pratique ódio, violência contra crianças, mulheres, negros e LGBTQIA+”, declarou.

Em tom de ironia, Lula debochou do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), a quem acusou de apelar ao ex-presidente norte-americano para tentar livrar o pai de um possível julgamento. “Agora ele manda o filho dele: ‘vai lá pedir pro Trump me absolver’. O Bolsonaro que transfira seu título de eleitor pra lá e se abrace com a bandeira dos Estados Unidos.”

Antes de Lula, ministros como Camilo Santana (Educação), Rui Costa (Casa Civil) e Luciana Santos (Ciência e Tecnologia), além de lideranças estudantis, também condenaram as pressões vindas dos EUA. Camilo classificou as supostas exigências como “chantagens injustificáveis”.

O discurso de Lula começou com uma reclamação sobre o atraso no cronograma do evento. “Já são duas horas da tarde e eu já deveria estar viajando para Juazeiro”, disse.

Apesar do tom político, o presidente também falou sobre educação e incentivou os estudantes a valorizarem a formação acadêmica. “Não tenho orgulho de dizer que não tenho diploma universitário, isso não é motivo de orgulho para ninguém. Mas sou o presidente que mais fez universidades no Brasil.”

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