Sociedades alertam que fórmulas clonadas em farmácias de manipulação oferecem riscos graves por falta de controle de qualidade
Cinco das principais sociedades médicas do país enviaram uma carta aberta à Anvisa pedindo que a agência suspenda imediatamente a fabricação, prescrição e venda de versões manipuladas de Ozempic, Wegovy e Mounjaro. O pedido foi encaminhado na última sexta-feira (28), poucos dias após a Polícia Federal desarticular um esquema clandestino de venda de medicamentos emagrecedores produzidos ilegalmente.
O documento é assinado por instituições como a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a Associação Médica Brasileira (AMB) e a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). As entidades afirmam que farmácias de manipulação não dispõem de tecnologia, estrutura ou condições sanitárias para sintetizar com segurança as moléculas de semaglutida e tirzepatida — princípios ativos extremamente complexos usados nos remédios originais.
Segundo as sociedades, a ausência de controle rigoroso torna imprevisíveis a pureza e a dosagem dessas versões clandestinas, o que pode gerar desde perda de eficácia, no caso de subdosagem, até toxicidade grave, em situações de superdosagem. Entre os riscos citados estão contaminação, reações alérgicas severas, pancreatite e outras complicações potencialmente fatais.
As instituições também alertam para o impacto coletivo: a produção irregular compromete a credibilidade do sistema de vigilância sanitária, dificulta o atendimento médico diante de efeitos adversos e favorece a expansão de atividades que se aproximam do crime organizado.
Por isso, defendem que a proibição inclua não apenas a prescrição, mas também a fabricação e distribuição dos produtos manipulados, já que a produção ilegal, segundo apontam, ocorre em larga escala e coloca a população em risco.






