Em encontro durante a Cúpula da Asean, líderes do Brasil e dos Estados Unidos sinalizam reaproximação e início de negociações sobre tarifas comerciais.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se encontraram neste domingo (26/10) na capital da Malásia, durante a 47ª Cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean). A conversa, realizada a portas fechadas, durou cerca de uma hora e marcou o início de uma possível reaproximação entre os dois países, com foco nas tarifas impostas por Washington a produtos brasileiros.
Durante o encontro, os dois líderes adotaram um tom conciliador. Trump afirmou que há espaço para reduzir algumas das tarifas ainda nesta primeira fase de diálogo. “Acho que vamos conseguir fazer alguns acordos muito bons que estamos discutindo e acabar tendo um relacionamento muito bom”, disse o presidente norte-americano.
Lula, por sua vez, destacou que não há divergências intransponíveis entre os dois países e pediu a suspensão das tarifas como sinal de boa vontade. Ficou definido que o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, se reunirá ainda neste domingo com o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, para tratar dos detalhes das negociações.
Os dois presidentes demonstraram bom humor durante o encontro. Lula brincou que havia levado uma lista extensa de temas “anotados e traduzidos em inglês”. A reunião contou com a presença de ministros e assessores de ambos os governos. Pelo lado norte-americano, participaram Marco Rubio, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, e o secretário de Comércio, Jamieson Greer. Pelo Brasil, acompanharam o presidente o chanceler Mauro Vieira e o secretário-executivo do Ministério da Indústria, Comércio e Serviços, Márcio Rosa.
O nome do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi mencionado apenas uma vez, em pergunta da imprensa. Trump afirmou “sempre ter gostado dele”, mas não o colocou como parte das discussões comerciais. A Casa Branca havia anunciado o tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros sob a justificativa de uma suposta perseguição política a Bolsonaro, o que, segundo o Planalto, decorreu de desinformações passadas por aliados do ex-presidente.
Na véspera do encontro, Lula havia criticado indiretamente o republicano em reunião com o primeiro-ministro da Malásia, Anwar bin Ibrahim, ao comentar a busca de Trump por um Prêmio Nobel e a “falta de liderança” mundial diante de guerras e crises. O petista, no entanto, afirmou que estava aberto a discutir qualquer assunto com o norte-americano, incluindo temas como Venezuela e Rússia.
O governo brasileiro vê a conversa como um primeiro passo para “recolocar a verdade na mesa” e reconstruir o diálogo comercial com os Estados Unidos. Segundo fontes do Planalto, Lula busca demonstrar que o país não representa risco econômico ou político e que as sanções da Casa Branca contra membros do governo e do Supremo Tribunal Federal foram baseadas em informações equivocadas.
 
				 
								





