Mais de um terço dos destilados vendidos no Brasil é falsificado, aponta estudo

Relatório revela falhas na fiscalização após fim do Sicobe; três mortes em São Paulo expõem risco do consumo de bebidas adulteradas com metanol

Um levantamento da Euromonitor International, com base em dados de 2023, revelou que mais de um terço dos destilados comercializados no Brasil é falsificado ou de origem ilícita. O estudo, intitulado “Mercado Ilegal de Álcool no Brasil”, mostra que a fragilidade da fiscalização se acentuou desde 2016, quando foi desativado o Sistema de Controle de Produção de Bebidas (Sicobe) — tecnologia que monitorava automaticamente a fabricação. Desde então, a responsabilidade recaiu apenas na autodeclaração das próprias empresas, o que abriu brechas para irregularidades.

Segundo os dados, cerca de 29,7% dos destilados vendidos no país apresentam algum tipo de ilegalidade, seja por falsificação, refil, produção sem registro ou outras práticas clandestinas.

A gravidade do problema voltou ao centro do debate nesta segunda-feira (29), quando o comitê técnico do Ministério da Justiça se reuniu com autoridades de saúde para discutir os casos recentes de intoxicação em São Paulo. Na cidade de São Bernardo do Campo, a prefeitura confirmou a terceira morte suspeita relacionada ao consumo de bebida contaminada com metanol. Outros dez episódios estão sob investigação pela Secretaria de Estado da Saúde, que acompanha de perto a situação.

Possível envolvimento do PCC

As suspeitas sobre a origem das bebidas adulteradas ganharam novo desdobramento. A Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) apontou, no domingo (28), a possibilidade de ligação do Primeiro Comando da Capital (PCC) com os casos de intoxicação. De acordo com a entidade, o metanol que vinha sendo usado pela facção para adulterar combustíveis pode ter sido redirecionado para destilarias clandestinas, após operações policiais que fecharam distribuidoras envolvidas no esquema.

As autoridades avaliam medidas emergenciais para reforçar a fiscalização e reduzir os riscos à população, já que o consumo de metanol pode causar cegueira, falência de órgãos e até morte.

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