Considerado um dos maiores nomes da fotografia mundial, Salgado faleceu em Paris, onde vivia
O mundo da fotografia perdeu nesta sexta-feira (23) um de seus maiores mestres: Sebastião Salgado, aos 81 anos. O fotógrafo mineiro faleceu em Paris, onde residia, em decorrência de complicações ligadas à malária, contraída na década de 1990, conforme relatado por amigos à Folha de S.Paulo.
Reconhecido por seu olhar sensível e comprometido com as causas humanas, sociais e ambientais, Salgado construiu uma obra que ultrapassou fronteiras, eternizando realidades duras e paisagens deslumbrantes. Seus projetos fotográficos, como Trabalhadores, Êxodos e Gênesis, tornaram-se referências no fotojornalismo internacional, sendo apresentados em museus, livros e exposições por todo o mundo.
Um legado que vai além da imagem
Além de fotógrafo, Sebastião foi ativista ambiental. Ao lado da esposa, Lélia Wanick Salgado, fundou o Instituto Terra, que promove a restauração ambiental do Vale do Rio Doce, em Minas Gerais. A organização lamentou profundamente a perda do fotógrafo:
“Sebastião foi muito mais do que um dos maiores fotógrafos de nosso tempo. (…) Sua lente revelou o mundo e suas contradições; sua vida, o poder da ação transformadora”, declarou o Instituto.
De economista a fotógrafo global
Nascido em 1944, em Aimorés (MG), Salgado formou-se em Economia antes de descobrir a fotografia. Trabalhou na Organização Internacional do Café em Londres e teve o primeiro contato mais intenso com a câmera durante uma missão na África. Foi só aos 30 anos de idade, em 1973, que assumiu a fotografia como profissão.
Desde então, visitou mais de 120 países, captando com sua lente em preto e branco a realidade de povos marginalizados, conflitos, crises humanitárias e também a beleza remanescente da natureza intacta.
Reconhecimento mundial
A profundidade e a estética singular de sua obra renderam-lhe diversos prêmios e honrarias, entre eles:
- Prêmio W. Eugene Smith (1982)
- Membro honorário da Academia de Artes e Ciências dos EUA (1992)
- Medalha do Centenário e Bolsa Honorária da Royal Photographic Society (1993)
- Embaixador da Boa Vontade do UNICEF
- Membro da Academia de Belas-Artes de Paris desde 2016
Um olhar eterno
Sebastião Salgado não fotografava apenas rostos ou cenários, mas vidas, histórias e resistências. Seu legado transcende a fotografia: é um chamado à consciência, à empatia e à preservação.
O mundo perde um grande artista, mas sua obra seguirá iluminando caminhos e denunciando as sombras.