Especialistas alertam que o ambiente digital pode ser tanto um fator de risco quanto uma ferramenta de apoio no combate ao sofrimento emocional
A campanha Setembro Amarelo reforça a necessidade de falar sobre saúde mental e prevenção ao suicídio. Em um cenário cada vez mais conectado, as redes sociais entram no centro do debate: podem servir como espaço de acolhimento, mas também se tornar gatilho para ansiedade, depressão e isolamento.
De acordo com a psicóloga Juliana Meneghelo, o uso desequilibrado da internet potencializa sentimentos negativos.
“Quando usadas sem equilíbrio, as redes podem gerar comparação excessiva, baixa autoestima, ansiedade e até isolamento. O excesso de críticas e discursos de ódio também aumenta o risco de adoecimento emocional”, afirma.
A profissional destaca que falar sobre saúde mental é uma forma de salvar vidas, quebrando tabus e mostrando que buscar ajuda não é sinal de fraqueza.
Apesar dos riscos, Juliana lembra que o ambiente digital também pode ser positivo, ao difundir campanhas de apoio e mensagens de incentivo, que ajudam a identificar sinais de sofrimento.
“As redes podem funcionar como uma rede de acolhimento e permitir intervenções rápidas”, acrescenta.
Sinais de alerta
Amigos e familiares devem ficar atentos a mudanças de comportamento que podem indicar risco, como:
- despedidas incomuns ou doação de objetos de valor;
- isolamento repentino;
- alterações bruscas de humor;
- falas de desesperança ou desejo de desistir.
O impacto da falta de diálogo é lembrado por Maria Vitória, de 22 anos, que perdeu uma amiga para a depressão em 2018.
“Ela parecia feliz nas redes, sempre sorrindo. Só depois percebemos sinais que não entendemos na época. Foi um choque”, conta.
Onde buscar apoio
Profissionais de saúde mental ressaltam a importância de recorrer a canais confiáveis e de acesso gratuito:
- CVV – Centro de Valorização da Vida: 188 (24h) ou cvv.org.br
- CAPS – Centros de Atenção Psicossocial
- UBS – Unidades Básicas de Saúde
- SAMU – 192 (emergência)
O Setembro Amarelo lembra que o silêncio pode alimentar o sofrimento, mas a informação e o diálogo podem salvar vidas.