Paciente recebeu indicação de usar substância tóxica como substituto do sal e desenvolveu quadro grave
Um homem de 60 anos nos Estados Unidos desenvolveu uma intoxicação rara conhecida como bromismo e precisou ser internado em uma unidade psiquiátrica após seguir uma sugestão do ChatGPT. O caso, descrito na revista científica Annals of Internal Medicine, começou quando o idoso pediu orientações ao chatbot sobre como retirar o sal de cozinha da alimentação. De acordo com os médicos, ele recebeu a indicação de usar brometo de sódio como substituto — composto tóxico que provocou sintomas físicos e mentais severos.
Ao chegar ao hospital, o paciente apresentava comportamento paranoico, afirmando acreditar estar sendo envenenado pelo vizinho. Ele também relatava múltiplas restrições alimentares e recusava inclusive a água oferecida pela equipe médica, mesmo com sede intensa. No dia seguinte, tentou fugir da unidade e iniciou tratamento para psicose. Entre os sintomas associados ao bromismo, surgiram insônia e acne no rosto.
Durante três semanas de internação, os exames apontaram normalização dos níveis de cloreto e da chamada lacuna aniônica, acompanhada de melhora gradual do quadro psiquiátrico. Segundo os pesquisadores, o bromismo foi relativamente comum no início do século XX, sendo responsável por até 8% das internações psiquiátricas da época, com potencial para causar alterações neurológicas, psiquiátricas e dermatológicas.
A equipe médica não teve acesso à conversa original entre o paciente e o ChatGPT. No entanto, ao reproduzir a mesma pergunta sobre substitutos para o sal, também recebeu como resposta a sugestão de brometo de sódio, sem aviso claro sobre os riscos à saúde. Para os especialistas, o caso evidencia que, sem supervisão profissional, recomendações de inteligência artificial podem levar a problemas graves e totalmente evitáveis.
