Medida dos EUA impacta exportações, empregos e renda em Goiás; governo estadual aposta na diversificação de mercados
Entrou em vigor nesta quarta-feira (6) a tarifa adicional de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, com impacto direto em 906 municípios do país — sendo 15 deles em Goiás. A medida atinge principalmente a cadeia da carne bovina e o setor sucroenergético, pilares da economia goiana em cidades como São Miguel do Araguaia, Mozarlândia, Rio Verde, Mineiros, Itumbiara e Niquelândia.
Segundo o secretário estadual de Agricultura, Pedro Leonardo, essas regiões possuem forte relação comercial com o mercado norte-americano e tendem a sofrer perdas significativas, não apenas em volume de exportação, mas também em receita em dólar, já que a carne vendida aos EUA representa até 13% da produção goiana, com alto valor agregado.
O governo estadual busca compensar os prejuízos abrindo novos mercados, com destaque para uma negociação em andamento com o Japão. Já uma missão japonesa deve visitar frigoríficos de Goiás em setembro para avançar nas tratativas.

Além da agropecuária, a indústria e o emprego também sentem os efeitos. O secretário de Economia, Francisco Sérvulo, alerta para o impacto na cadeia produtiva, citando como exemplo a Jalles Machado, de Goianésia. As maiores exportadoras de carne do estado — JBS, Minerva e BRF — operam em vários municípios e também serão afetadas.
Para enfrentar a crise, o governo prepara linhas emergenciais de crédito via GoiásFomento e FUNDEQ. Ainda assim, o cenário é incerto: empresas podem tentar redirecionar exportações para outros mercados como Europa, Ásia e Arábia Saudita.
Em 2024, Goiás exportou US$ 12,3 bilhões, com os EUA sendo o segundo maior destino. No pior cenário, a perda para o PIB estadual pode chegar a R$ 1,45 bilhão, segundo o Instituto Mauro Borges. O setor agropecuário lidera em impacto relativo, enquanto a indústria concentra as maiores perdas em valor absoluto, especialmente nas cadeias de carne e açúcar.
