Negócio entre Anglo American e MMG é questionado por concorrentes e pode resultar em multa milionária
A venda das minas de níquel da Anglo American em Goiás, avaliada em R$ 2,7 bilhões, desencadeou uma disputa entre empresas do setor e abriu uma investigação no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). O negócio prevê a transferência dos ativos para a companhia chinesa MMG, decisão que gerou protestos de concorrentes e levantou preocupações sobre a concentração de mercado no segmento mineral.
Em comunicado, a Anglo American destacou que a proposta da MMG não foi apenas a mais competitiva em termos financeiros, mas também a que apresentou melhores garantias, histórico operacional sólido e maior capacidade de gestão de longo prazo. A mineradora afirmou ainda que está direcionando seus investimentos para cobre, minério de ferro e fertilizantes, motivo pelo qual decidiu vender seu portfólio de níquel no Brasil, incluindo as operações em Barro Alto e Codemin (GO), além de projetos em Jacaré (PA) e Morro Sem Boné (MT).
O Cade apura se a transação deveria ter sido comunicada previamente ao órgão regulador. Caso seja constatada falha nesse processo, a Anglo American poderá receber multa de até R$ 60 milhões.
A disputa, porém, vai além da burocracia. A Corex Holding, empresa controlada pelo bilionário turco Robert Yüksel Yıldırım, contestou o desfecho da venda e afirmou ter oferecido US$ 900 milhões — valor superior ao proposto pela MMG. “Nunca vi um vendedor recusar um preço maior”, declarou o empresário.
O caso também repercutiu internacionalmente. O Instituto Americano de Ferro e Aço alertou o governo dos Estados Unidos de que a aquisição das minas por uma empresa chinesa poderia dar a Pequim “influência direta” sobre parte relevante das reservas mundiais de níquel, considerado estratégico para setores como tecnologia, energia e indústria militar.