Ideia é evitar que brinquedo dispute vaga com cidadão em escola, posto ou hospital
Diante da crescente popularidade dos bebês reborn — bonecos hiper-realistas que simulam recém-nascidos — a Câmara Municipal de Aparecida de Goiânia passou a discutir um tema inusitado. O vereador Dieyme Vasconcelos (PL) protocolou um projeto de lei que veta o uso de qualquer serviço público municipal para atendimento ou cuidados com esses bonecos.
Segundo a proposta, nenhuma unidade de saúde, escola, abrigo de idosos ou programa financiado com verba pública poderá direcionar tempo, espaço ou servidores a atividades relacionadas aos reborns. A medida inclui, ainda, a proibição de que funcionários públicos executem esse tipo de tarefa durante o horário de trabalho.
Caso haja descumprimento, a lei prevê aplicação de multa, cujo valor e critérios serão definidos por regulamentação do Executivo municipal, que deverá ser publicada em até 90 dias após a sanção, caso o projeto seja aprovado.
“Não se pode priorizar bonecos em vez de pessoas”, diz vereador
Na justificativa, Dieyme critica a prática e alega que, embora os bonecos sejam usados por algumas pessoas com finalidades terapêuticas, não há respaldo científico suficiente para que eles recebam atenção em serviços públicos. “É um desvio claro de função e um uso inaceitável de recursos em uma realidade de alta demanda e escassez”, afirmou.
O vereador argumenta que a medida busca proteger a dignidade da administração pública. “Não podemos admitir que, em nome de uma fantasia, servidores e estruturas públicas sejam mobilizados para cuidar de objetos inanimados, enquanto milhares aguardam por serviços essenciais.”
Contexto e repercussão
A discussão ganhou força após casos polêmicos envolvendo os reborns. Em Minas Gerais, por exemplo, uma influenciadora digital levou um desses bonecos para uma unidade de saúde e se frustrou ao perceber que o atendimento não foi priorizado. Em nível federal, o deputado Zacharias Calil (UB) também apresentou um projeto que propõe multa de até R$ 30 mil para quem usar um bebê reborn para furar filas preferenciais.